Neuropatia  axonal
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Na neuropatia axonal há degeneração de axônios, afetando quase sempre os de maior calibre primeiro e de forma mais intensa. No exame do nervo em pequeno aumento chama a atenção a pobreza em baínhas de mielina. A grande parte dos axônios restantes são amielínicos.  Em casos muito graves e de duração prolongada, até os axônios amielínicos podem degenerar. 
Na neuropatia  axonal o processo patológico está nos neurônios (sensitivos e motores) que originam os axônios. Os neurônios não conseguem manter a integridade estrutural e funcional dos axônios. As porções mais distais dos axônios sofrem mais precocemente que as proximais. À medida que a doença avança, a porção viável do axônio vai-se encurtando, um fenômeno chamado dying-back neuropathy.

As neuropatias axonais são inespecíficas, não sendo possível, na grande maioria dos casos, determinar pelas alterações morfológicas a causa da degeneração dos axônios. Uma cuidadosa anamsese, interrogatório complementar dirigido, investigação de antecedentes genéticos e toxológicos, e exames laboratoriais são indispensáveis. 

Entre as causas mais comuns estão: 

  • alcoolismo crônico;
  • diabetes mellitus; 
  • carências vitamínicas, principalmente B1, B6, B12; 
  • produtos tóxicos, como agrotóxicos, hexano e etanol; 
  • distúrbios metabólicos, como uremia, hipoglicemia,  hiperglicemia, porfiria; 
  • infecções retrovirais     -    HIV
Em muitos casos, mesmo esgotados os métodos de investigação, a causa permanece obscura. 

Aspecto microscópico. Cortes transversais do nervo mostram redução global na população de axônios, principalmente dos de maior diâmetro. Quando o processo está ativo, é possível observar-se alterações nos mesmos, tais como excesso de neurofilamentos ou estruturas membranáceas enoveladas (figuras de mielina). Os axônios e suas baínhas de mielina (degeneradas secundariamente) são englobados pelas células de Schwann ou por macrófagos e permanecem temporariamente como corpúsculos eletrodensos que são digeridos e desaparecem. Eventualmente, pode haver regeneração de alguns axônios, que podem mielinizar-se: em cortes tranversais, aparecem como grupos de 3 - 4 axônios mielínicos muito próximos e de diâmetro semelhante.


 
AXÔNIOS  MIELÍNICOS 
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NERVO  NORMAL NEUROPATIA  AXONAL
Notar a grande pobreza em axônios mielínicos na neuropatia axonal em comparação ao nervo normal.  Devido a isso, os axônios amielínicos sobressaem.  Ambas fotos aproximadamente no mesmo aumento.  Este caso de neuropatia axonal é crônico, e não há alterações que indiquem degeneração atual dos axônios, tais como restos de mielina em células de Schwann ou macrófagos.  Abaixo, outros casos com alterações semelhantes. Nas duas figuras da fileira de baixo a perda dos axônios mielínicos foi praticamente completa. 
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AXÔNIOS AMIELÍNICOS 
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NERVO  NORMAL NEUROPATIA  AXONAL
A imagem acima, de axônios amielínicos normais, é usada para comparar com a figura à D.  Perda de grande parte dos axônios amielínicos num caso de neuropatia axonal grave. 
Em casos de neuropatia axonal grave pode haver grande redução numérica dos axônios amielínicos, até desaparecimento quase completo.  A ausência de axônios amielínicos é forte argumento que o mecanismo básico da neuropatia é por lesão axonal, não da baínha de mielina.  Com o desaparecimento dos axônios amielínicos, os prolongamentos de células de Schwann que os circundavam continuam a existir, envoltos por membrana basal. 
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Na neuropatia axonal grave de longa duração não é raro observar-se prolongamentos de células de Schwann circundando feixes de fibras colágenas em vez de axônios amielínicos.  É um achado curioso, que denota uma tendência da célula de Schwann a enrolar-se em torno de 'qualquer coisa'.  Se não há axônios, as fibras colágenas passam a ser  'the next best thing'. 
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Regeneração axonal.  Na neuropatia axonal pode ocorrer regeneração de axônios que haviam degenerado. Os axônios crescem ao longo das células de Schwann originais e seus tubos de membrana basal. Como a membrana basal está intacta, o caminho de volta é mais fácil que se tivesse havido secção do nervo. 
Os axônios em regeneração podem formar brotos que crescem paralela- e simultaneamente. Se sofrerem remielinização, a tendência é que as baínhas de mielina novas sejam mais ou menos do mesmo diâmetro e espessura.  Portanto, os axônios regenerados tendem a formar grupos ou 'clusters', que chamam a atenção justamente por esta uniformidade de seus componentes.  O encontro de grupos de 2 ou mais axônios de diâmetro e baínhas de mielina semelhantes em uma neuropatia axonal é altamente sugestivo de regeneração. 
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