Técnica de processamento de biópsias musculares

 
COMO PROCESSAR UMA BIÓPSIA DE MÚSCULO ?

           A BIÓPSIA DE MÚSCULO DEVE SER CONGELADA.  As fibras  musculares esqueléticas contêm enzimas que permitem diferenciar as fibras em tipos fisiológicos, e dão informações de grande importância para o diagnóstico.  Para aproveitar este potencial, o fragmento de músculo não pode ser fixado em formol, pois este inativa a atividade enzimática.  É necessário congelar o músculo, de preferência alguns minutos após a retirada, enquanto as células estão vivas e a atividade enzimática e a ultraestrutura intactas. 

            O CONGELAMENTO TEM QUE SER INSTANTÂNEO.   Durante o congelamento é comum formarem-se cristais de gelo no tecido, dentro e fora das células.  Os cristais comprimem as estruturas celulares e podem inutilizar totalmente o material para estudos morfológicos.   Este problema é evitado se o congelamento for muito rápido (frações de segundo), pois assim não se formam cristais.  Quando o procedimento é bem sucedido, a estrutura do músculo fica melhor que na inclusão em parafina.  Há conservação das miofibrilas e do sarcoplasma intermiofibrilar, ou seja, do citoplasma e organelas (como as mitocôndrias e retículo sarcoplasmático) que garantem o funcionamento da fibra. 

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ARTEFATO DE GELO EM MÚSCULO ESQUELÉTICO.  Os cristais de gelo formados no congelamento lento dão um aspecto em queijo suiço ao material. Este músculo foi posto em um  freezer  a -20ºC. 
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TÉCNICA DE PROCESSAMENTO 
PASSO A PASSO
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A biópsia é um procedimento feito no centro cirúrgico ambulatorial sob anestesia local. Após abertura dos planos superficiais, incide-se a fascia do músculo (freqüentemente o bíceps braquial) e retira-se um cilindro de tecido muscular de cerca de 1 cm de comprimento por 0,5 cm de diâmetro.  O fragmento é envolto em uma gase com soro fisiológico e levado imediatamente ao laboratório, onde é recortado com bisturi sobre uma placa de cera dental. Os fragmentos a serem congelados são montados em bloquinhos de madeira usando-se o composto  Tissue-Tek (na bisnaga). 
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Um pequeno cilindro de músculo é colado ao toquinho de madeira, onde se inscreve  o número da biópsia. Fragmentos menores, com cerca de 1 mm no maior diâmetro (ainda sobre a placa), serão colocados no fixador de Karnovsky para microscopia eletrônica.  Para o congelamento, usa-se n-hexano refrigerado em nitrogênio líquido.  Uma pequena quantidade de hexano (cerca de 20 ml) é colocado na caneca de alumínio e esta imersa na caixa de isopor contendo nitrogênio líquido. Quando o hexano fica pastoso (começando a congelar) é o ponto ótimo. 
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O fragmento é introduzido na caneca com hexano e são feitos movimentos circulares junto à periferia da caneca. O hexano da periferia está mais frio e o movimento ajuda a roubar calor do bloco o mais rapidamente possível. 
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Por quê não por o fragmento diretamente no nitrogênio líquido ? 
Porque o fragmento, estando a temperatura ambiente, causa formação de uma bolha de nitrogênio gasoso a sua volta, que atua como isolante térmico e impede o congelamento instantâneo.  Como o hexano é liquido mesmo à temperatura ambiente, este problema não ocorre. 
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No bloquinho congelado o Tissue-Tek passa a cor branca. Uma base metálica é preparada com Tissue-Tek para receber o fragmento de músculo congelado para fazer cortes no criostato. 
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O criostato é um micrótomo montado dentro de um freezer e trabalha com temperaturas em torno de -20ºC. Os cortes de músculo assim obtidos são montados em lamínulas (não lâminas) para as reações histoquímicas.  Técnicas convencionais como HE e tricrômico de Gomori também são feitas nos cortes de criostato. A qualidade é muito superior à de material formolizado e incluído  em parafina. 
Os blocos são conservados indefinidamente em nitrogênio líquido (botijão ao lado). 
As reações histoquímicas são feitas em cubetas de vidro de 10 ml. para economizar os reagentes (caríssimos).  São processados 7 casos por vêz. Em nosso serviço utilizamos a ATPase em pHs 4,6 e 9,4,  enzimas oxidativas (NADH-TR e SDH) e ORO (oil-red-O, uma técnica para gorduras neutras).  PAS para glicogênio é feito em casos selecionados. 
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Para microscopia eletrônica, os fragmentos com 1 mm de lado recebem processamento especial, que inclui fixação em Karnovsky, seguido por tetróxido de ósmio.  São incluídos em Araldite (não parafina) e cortados em um ultramicrótomo que permite obter cortes de até 0,1 mm de espessura (espessura de cortes de parafina comuns = 6 mm). Para técnica de microscopia eletrônica em maior detalhe, clique.
Microscópio eletrônico (Zeiss EM-10)

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