Platibasia, invaginação basilar  e
malformação de Arnold-Chiari em adulto.

 

 
BASE  DO  CRÂNIO  APÓS  RETIRADA  DA  DURA-MÁTER

 
ROMBENCÉFALO

 
HEMISFÉRIOS  CEREBRAIS

 
Peça SN-102.  Platibasia, invaginação basilar e malformação de Arnold-Chiari em adulto.  A peça ilustra uma malformação complexa, envolvendo a base do crânio, as primeiras vértebras cervicais e o rombencéfalo (tronco cerebral + cerebelo).  A base do crânio é achatada (platibasia). A apófise odontóide do axis está deslocada para dentro do foramen magno (impressão ou invaginação basilar) e há hérnia crônica de amígdalas cerebelares e de parte do bulbo para dentro do canal espinal. Normalmente estas estruturas estão no crânio. Admite-se que seu deslocamento caudal permanente se deva à exigüidade da fossa posterior, associada à implantação baixa da tenda do cerebelo. A hérnia de amígdalas, neste caso, é crônica e não uma conseqüência aguda do aumento da pressão intracraniana, como é comum. A pequena capacidade volumétrica da fossa posterior dificulta a circulação liquórica e pode causar hidrocefalia (aumento do volume dos ventrículos) leve a moderada. No presente caso, a hidrocefalia é notada pelo arredondamento do ângulo dos ventrículos laterais, que normalmente é agudo. 

            A platibasia é definida quando o ângulo formado pelo clivus* e pelo assoalho da fossa anterior supera 135 graus, ou seja, fica mais obtuso. O relevo da base do crânio é, portanto, mais achatado. A primeira vértebra cervical, o atlas, pode estar fundida ao osso occipital. A apófise odontóide do axis (a segunda vértebra cervical), que normalmente está articulada no arco anterior do atlas, fica deslocada para cima e penetra no foramen magno, ocupando sua metade anterior. Com isso, o bulbo é comprimido e deslocado para trás. Normalmente o bulbo (ou melhor, a transição do bulbo para a medula espinal alta) ocupa com folga a parte central do foramen magno. A este deslocamento superior do axis se chama impressão ou invaginação basilar. [* clivus -  superfície interna da base do crânio em acentuado declive, que vai desde atrás da sela turca (o dorso da sela) até o foramen magno. O clivus é formado pelo corpo do esfenóide e pelo corpo do occipital. É liso e dá apoio à face anterior do tronco cerebral.]

            Essas alterações interrelacionadas podem ser congênitas mas só causar sintomas na idade adulta. Podem também ser adquiridas secundariamente a doenças osteoarticulares crônicas. Por exemplo, a artrite reumatóide pode lesar a articulação atlanto-axial. O peso da cabeça a empurra para baixo e a apófise odontóide do axis penetra no foramen magno. 

            Clinicamente estes pacientes podem apresentar pescoço curto, aumento da pressão intracraniana com cefaléia, ataxia cerebelar progressiva e quadriparesia espástica progressiva. O tratamento é difícil e consiste basicamente de descompressão cirurgica, com retirada da porção posterior das vértebras cervicais e alargamento do foramen magno. 

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