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Fem. 26 dias. Clique para tomografia computadorizada, espécime macro, HE, imunohistoquímica para GFAP, VIM, CD56, CD99, CD34, Ki-67, p53. |
Espécime. Massa irregular de tecido de cor esbranquiçada, consistência macia e friável, com fragmentos menores semelhantes que foram agrupados para a foto com a massa maior. Ao corte, aspecto notavelmente homogêneo, lembrando tecido nervoso imaturo. | |
Destaques da microscopia. | ||
HE. Caráter uniforme, regular das células neoplásicas | Aspecto de astrócitos gemistocíticos em algumas áreas | Mitoses numerosas, na maioria típicas |
Vasos finos, sem proliferação endotelial | Necroses em pseudopaliçada. Trombose em pequenos vasos | Delimitação precisa entre o tumor e o tecido nervoso |
GFAP. Positivo universalmente nas células neoplásicas, destacando alguns astrócitos gemistocíticos | GFAP. Vasos são realçados pela negatividade, demonstrando proliferação endotelial e redução da luz | GFAP. Positivo em várias células em mitose |
VIM. Positivo universalmente nas células neoplásicas | CD56. Positivo focal nas células neoplásicas, padrão membrana | CD99. Positivo focal nas células neoplásicas, padrão membrana e citoplasmático, em distribuição maior que CD56 |
CD34. Positivo em vasos, negativo no tumor | Ki-67. Positividade em cerca de 30 a 40% dos núcleos das células neoplásicas | p53. Positivo em pequena proporção dos núcleos das células neoplásicas |
Comentário
sobre o diagnóstico.
Este volumoso tumor congênito de hemisfério cerebral chamava
a atenção pela uniformidade histológica, recapitulando
a impressão macroscópica. O monomorfismo e caráter
primitivo das células nos levou inicialmente a considerá-lo
um tumor neuroectodérmico primitivo
ou PNET. Contudo, análise mais pormenorizada e estudo imunohistoquímico
demonstraram diferenciação astrocitária nítida,
ou seja, um astrocitoma. A riqueza em mitoses o classificaria como no mínimo
grau III. Pequenas áreas de necrose em pseudopaliçada forçariam
o grau para IV, conforme a classificação
de tumores da OMS. Áreas de necrose extensa deveriam estar presentes,
a julgar pelas imagens na TC. Astrocitoma
grau IV é sinônimo de glioblastoma multiforme.
Contudo, resistimos à tentação de denominá-lo glioblastoma multiforme por conta da monotonia celular, que o remeteria ao antigo 'glioblastoma isomorfo' de del Rio Hortega (hoje obsoleto). Assim, o finalizamos como astrocitoma anaplásico, grau IV, lembrando que as classificações são por necessidade finitas, como as divisões de um escaninho, mas os tumores são infinitos em sua variedade e capacidade de surpreender-nos. Não há dois tumores iguais, como não há dois seres humanos iguais. |
Aspecto
geral.
As células mostram-se regulares, com escassa variação do volume e cromatismo dos núcleos, que tendem a ovalados, com cromatina bem distribuída e nucléolos inconspícuos. Uma fina rede capilar permeia o tumor, lembrando os oligodendrogliomas. |
Monotonia celular, vasos finos. Ausência de proliferação endotelial e pseudoglomérulos. |
Células neoplásicas. Os núcleos relativamente monomórficos são circundados por citoplasma róseo de limites imprecisos. Este é, por vezes, abundante, dando às células aspecto de astrócitos gemistocíticos. Em áreas, o caráter astrocitário com prolongamentos citoplasmáticos fica nítido. Atipias nucleares ou multinucleação são raras, mas mitoses são numerosas. | |
Astrócitos gemistocíticos. Em certas áreas, as células neoplásicas mostram aspecto clássico de astrócitos gemistocíticos, com citoplasma abundante em vidro fosco e núcleo rechaçado para a periferia. Ver imunohistoquímica para GFAP. | |
Mitoses. Numerosas, na maioria típicas, algumas atípicas. Ver outras na imunohistoquímica para GFAP. | |
Vasos. Diferente do habitual em gliomas de alto grau, não se observava proliferação endotelial intensa, com formação de pseudoglomérulos. Os núcleos de células endoteliais são por vezes tumefeitos, mas em HE não se observa empilhamento das mesmas, com obliteração da luz capilar. Os vasos são melhor estudados na imunohistoquímica para GFAP (como elementos destacados em negativo) e para CD34. Com GFAP, fica claro que, na verdade, há aglomeração das células endoteliais e redução da luz capilar. | |
Necroses em pseudopaliçada. Apesar da uniformidade celular e vasos delicados, havia áreas pequenas de necrose com contornos geográficos e adensamento das células na periferia lembrando paliçadas, idênticas às necroses em pseudopaliçada, clássicas do glioblastoma multiforme. No interior observavam-se células necróticas e capilares com trombose, embora sem espessamento ou pseudoglomérulos. |
Necrose e trombose de capilares. Trombose de capilares era freqüente nas áreas de necrose. É admissível que os vasos, mesmo não proliferados, tenham anormalidades das células endoteliais que propiciem a trombose, a qual pode desencadear necrose focal. | |
Limites.
Uma feição que distingüe o presente tumor dos gliomas de alto grau habituais no adulto é a delimitação precisa da neoplasia em relação ao tecido nervoso. Não se observa o caráter infiltrativo clássico, com aumento gradual da celularidade ao progredir-se do tecido vizinho ao interior do tumor. A delimitação precisa na histologia reflete o aspecto observado na TC. |
Agradecimentos.
Caso
do Hospital Medical de Limeira, gentilmente contribuído pelo Dr.
Hoyama da Costa Pereira. Histologia HE - técnicos do laboratório
de rotina - Fernanda Chagas Riul, Viviane Ubiali, Mariagina de Jesus Gonçalves
e Maria José Tibúrcio. Preparações imunohistoquímicas
pelos técnicos Thainá Milena Stela de Oliveira e Luis Felipe
Billis.
Depto de Anatomia Patológica, FCM-UNICAMP. |
Para mais imagens deste caso: | TC | Macro, HE | IH |
Mais sobre astrocitomas difusos: |
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